segunda-feira, fevereiro 04, 2008

tristeza

Quando fico triste
Não porque choro ou tenho disso vontade
Nem porque me não satisfaz um qualquer algo
Simplesmente quando
Aqui dentro
E podem crer que existe
É um local certo
Fica do lado esquerdo do meu corpo
Uma mão-travessa abaixo do queixo
Talvez um palmo se me endireito


Aí, preciso, abre-se um precipício
Uma fenda de vertentes picotadas
Uma serrilha
Sem a simetria elegante do corte de um serrote
Uma coisa feia
Viscosa
Desmedida
Um buraco estreito em tom de vermelho pardo
Muito negro mesclado
Um tom baço

É invariável abrir-se a fenda
Uma fenda em cor de encarnado e preto
Uma fenda sem fundo
Um local de engasgo

E cresce dela uma dor inominável
Dor de silêncio
Dor de eco

Dura um segundo ou uma parte
Ou demora sucessões de instantes

Repete-se o ruído bramado do silêncio
Quando estou realmente triste

1 comentário:

vieira calado disse...

Estou a convidar todos os confrades blogistas de Lagos,
a assistir ao lançamento do meu livro ARABESCOS,
que se realiza no próximo Domingo, dia 24 de Fevereiro,
pelas 16 horas no Artebúrger, Praia da Luz.
Espero a vossa estimada comparência.

Vieira Calado