tag:blogger.com,1999:blog-25393799.post33585136172388711..comments2023-04-13T12:22:06.471+01:00Comments on Tristeabsurda: bafo dos deusesFátima Santoshttp://www.blogger.com/profile/08240385496967060907noreply@blogger.comBlogger4125tag:blogger.com,1999:blog-25393799.post-24147313184515107052007-11-06T14:57:00.000+00:002007-11-06T14:57:00.000+00:00o seu texto trouxe-me à memória «A moça tecelã» de...o seu texto trouxe-me à memória «A moça tecelã» de Marina Colasanti:<BR/><BR/>Acordava ainda no escuro, como se ouvisse o sol chegando atrás das beiradas da noite. E logo sentava-se ao tear.<BR/><BR/>Linha clara, para começar o dia. Delicado traço cor da luz, que ela ia passando entre os fios estendidos, enquanto lá fora a claridade da manhã desenhava o horizonte.<BR/> <BR/><BR/>Depois lãs mais vivas, quentes lãs iam tecendo hora a hora, em longo tapete que nunca acabava.<BR/><BR/>Se era forte demais o sol, e no jardim pendiam as pétalas, a moça colocava na lançadeira grossos fios cinzentos do algodão mais felpudo. Em breve, na penumbra trazida pelas nuvens, escolhia um fio de prata, que em pontos longos rebordava sobre o tecido. Leve, a chuva vinha cumprimentá-la à janela.<BR/><BR/>Mas se durante muitos dias o vento e o frio brigavam com as folhas e espantavam os pássaros, bastava a moça tecer com seus belos fios dourados, para que o sol voltasse a acalmar a natureza.<BR/><BR/>Assim, jogando a lançadeira de um lado para outro e batendo os grandes pentes do tear para frente e para trás, a moça passava os seus dias.<BR/><BR/>Nada lhe faltava. Na hora da fome tecia um lindo peixe, com cuidado de escamas. E eis que o peixe estava na mesa, pronto para ser comido. Se sede vinha, suave era a lã cor de leite que entremeava o tapete. E à noite, depois de lançar seu fio de escuridão, dormia tranqüila.<BR/><BR/>Tecer era tudo o que fazia. Tecer era tudo o que queria fazer.<BR/><BR/>Mas tecendo e tecendo, ela própria trouxe o tempo em que se sentiu sozinha, e pela primeira vez pensou em como seria bom ter um marido ao lado.<BR/><BR/>Não esperou o dia seguinte. Com capricho de quem tenta uma coisa nunca conhecida, começou a entremear no tapete as lãs e as cores que lhe dariam companhia. E aos poucos seu desejo foi aparecendo, chapéu emplumado, rosto barbado, corpo aprumado, sapato engraxado. Estava justamente acabando de entremear o último fio da ponto dos sapatos, quando bateram à porta.<BR/><BR/>Nem precisou abrir. O moço meteu a mão na maçaneta, tirou o chapéu de pluma, e foi entrando em sua vida.<BR/><BR/>Aquela noite, deitada no ombro dele, a moça pensou nos lindos filhos que teceria para aumentar ainda mais a sua felicidade.<BR/><BR/>E feliz foi, durante algum tempo. Mas se o homem tinha pensado em filhos, logo os esqueceu. Porque tinha descoberto o poder do tear, em nada mais pensou a não ser nas coisas todas que ele poderia lhe dar.<BR/><BR/>— Uma casa melhor é necessária — disse para a mulher. E parecia justo, agora que eram dois. Exigiu que escolhesse as mais belas lãs cor de tijolo, fios verdes para os batentes, e pressa para a casa acontecer.<BR/><BR/>Mas pronta a casa, já não lhe pareceu suficiente.<BR/><BR/>— Para que ter casa, se podemos ter palácio? — perguntou. Sem querer resposta imediatamente ordenou que fosse de pedra com arremates em prata.<BR/><BR/>Dias e dias, semanas e meses trabalhou a moça tecendo tetos e portas, e pátios e escadas, e salas e poços. A neve caía lá fora, e ela não tinha tempo para chamar o sol. A noite chegava, e ela não tinha tempo para arrematar o dia. Tecia e entristecia, enquanto sem parar batiam os pentes acompanhando o ritmo da lançadeira.<BR/><BR/>Afinal o palácio ficou pronto. E entre tantos cômodos, o marido escolheu para ela e seu tear o mais alto quarto da mais alta torre.<BR/><BR/>— É para que ninguém saiba do tapete — ele disse. E antes de trancar a porta à chave, advertiu: — Faltam as estrebarias. E não se esqueça dos cavalos!<BR/><BR/>Sem descanso tecia a mulher os caprichos do marido, enchendo o palácio de luxos, os cofres de moedas, as salas de criados. Tecer era tudo o que fazia. Tecer era tudo o que queria fazer.<BR/><BR/>E tecendo, ela própria trouxe o tempo em que sua tristeza lhe pareceu maior que o palácio com todos os seus tesouros. E pela primeira vez pensou em como seria bom estar sozinha de novo.<BR/><BR/>Só esperou anoitecer. Levantou-se enquanto o marido dormia sonhando com novas exigências. E descalça, para não fazer barulho, subiu a longa escada da torre, sentou-se ao tear.<BR/><BR/>Desta vez não precisou escolher linha nenhuma. Segurou a lançadeira ao contrário, e jogando-a veloz de um lado para o outro, começou a desfazer seu tecido. Desteceu os cavalos, as carruagens, as estrebarias, os jardins. Depois desteceu os criados e o palácio e todas as maravilhas que continha. E novamente se viu na sua casa pequena e sorriu para o jardim além da janela.<BR/>A noite acabava quando o marido estranhando a cama dura, acordou, e, espantado, olhou em volta. Não teve tempo de se levantar. Ela já desfazia o desenho escuro dos sapatos, e ele viu seus pés desaparecendo, sumindo as pernas. Rápido, o nada subiu-lhe pelo corpo, tomou o peito aprumado, o emplumado chapéu.<BR/><BR/>Então, como se ouvisse a chegada do sol, a moça escolheu uma linha clara. E foi passando-a devagar entre os fios, delicado traço de luz, que a manhã repetiu na linha do horizonte.<BR/>*****************<BR/>desculpe o abuso de ocupação de espaço, mas pensei que talvez gostasse do texto - se é que não o conhecia já.<BR/>cordiais saudaçõesuf!https://www.blogger.com/profile/14202245206038776578noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-25393799.post-12334861229314423942007-09-19T23:28:00.000+01:002007-09-19T23:28:00.000+01:00o sopro do amor ou o sopro da vida? Beijoso sopro do amor ou o sopro da vida? <BR/><BR/>BeijosGihttps://www.blogger.com/profile/08508051711504431352noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-25393799.post-3446901969448962642007-09-18T21:39:00.000+01:002007-09-18T21:39:00.000+01:00Ahhhh, eu gosto disto. LINDO!Ahhhh, eu gosto disto. LINDO!Makejeitehttps://www.blogger.com/profile/12402687348903701937noreply@blogger.comtag:blogger.com,1999:blog-25393799.post-47504310534728893372007-09-11T04:26:00.000+01:002007-09-11T04:26:00.000+01:00Muito bem escrito, o teu poema! E esta areia de pr...Muito bem escrito, o teu poema! E esta areia de praia verdadeira...humm, deliciosa!<BR/>BjsAna Paula Senahttps://www.blogger.com/profile/04884620316296496555noreply@blogger.com