sexta-feira, maio 08, 2009

Bolsas de água




Rompeu-se a bolsa.
Ficou meu filho solitário
Sem o aguado travesseiro.

A minha gata, essa,
É ela quem rasga.
Gestos ternos, precisos.
Lambidela sábia.
Cada gatinho desenrolado da capinha ténue,
Um quase nada que os torna vivos.

A minha bolsa rasgou-se.
Água transparente e muco
(ou seria baça, nem recordo)
A bolsa de águas solta,
Sem mimo e sem segredo,
Instantes antes que viesses ao mundo.




4 comentários:

marcia szajnbok disse...

recordações proustianas, fátima... a bolsa das águas rompendo, anunciando a chegada do novo, do inédito... aquela água marinha nos lembrando de como somos bicho, como toda a cultura não serve de nada quando a vida brota corpo... e na alma!

beijinho!

wind disse...

É lindo o nascimento de gatitos, ver a mãe gata a lambê-los:)
O choque é nascimento do bébé, pois começa a sua 1ª aventura neste mundo sózinho:)
Beijos

Mofina disse...

Ainda gostava de saber porque só hoje vim até aqui...

Se calhar porque tb estou a precisar de um kg de barro!

As coisas que se perdem por pura distracção...

Beatriz disse...

Maria, que beleza de poema.
sublime nascimento dos versos e dos gatos. Meu encantamento pelos bichanos agradece e , Calrice, minha gata manda miaus comovidos. até parindo são cheias de graça e estilo.
e vc, poetisa maior e mestra que nos brinde com outras ninhadas !