Todos os são, mesmo os melhores, às suas horas,
e todos estão contentes de se saberem sacanas.
para poder funcionar fraternalmente
a humidade de próstata ou das glândulas lacrimais,
para além das rivalidades, invejas e mesquinharias
em que tanto se dividem e afinal se irmanam.Dizer-se que é de heróis e santos o país,
a ver se convencem e puxam para cima as calças?
Para quê, se toda a gente sabe que só asnos,
ingénuos e sacaneados é que foram disso?
Não, o melhor seria aguentar, fazendo que se ignora.
Mas claro que logo todos pensam que isto é o cúmulo da sacanice,
porque no país dos sacanas, ninguém pode entender
que a nobreza, a dignidade, a independência, a
justiça, a bondade, etc., etc., sejam
outra coisa que não patifaria de sacanas refinados
a um ponto que os mais não são capazes de atingir.
No país dos sacanas, ser sacana e meio?
Não, que toda a gente já é pelo menos dois.
Como ser-se então nesse país? Não ser-se?
Ser ou não ser, eis a questão, dir-se-ia.
Mas isso foi no teatro, e o gajo morreu na mesma."
(Jorge de Sena in "No País dos Sacanas"-1973)
imagem de Salvador Dali
roubei tudinho ali no facebook à Menina Marota que diz: "Confesso que perdi completamente o interesse em politica e nos políticos por considerar que quando eles se instalam no "poder" esquecem o Povo em prol dos seus interesses económicos e pessoais. Pensava como seria este País se os políticos cumprissem honestamente aquilo a que se propuseram em todas as campanhas eleitorais... "
2 comentários:
Olha, para mim há um abismo entre tolices do género "os políticos não deviam ser homens fracos como todos nós, deviam ser santos como os do cartõezinhos da catequese" e a realidade dos homens reais.
Mas sabes? Acredito que há homens reais, de carne e osso e sentimento e educação e traumas e limitações, que podem (não é querem, isso nunca foi suficiente) fazer a diferença.
Não conheço ninguém assim actualmente.
Espero que seja só ignorância minha, arredada que ando destas questões, mas se não for ignorância simples, hélas! Também Roma e Pavia não se fizeram num dia.
Jorje de Sena, sabia-o!
Beijos
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