domingo, junho 21, 2015

solstício

percorri o google em entradas várias
andei  até buscando em dicionário e livro de ciência
horas a tentar as gastei eu
encontrar algo mais que raios de luz, e rotações, e eixos

perdi meu tempo e disso me desgosto
solstício é tão só uma questão de ângulo
nada mais que inclinação e o caminho rectilíneo que a luz sempre segue

nem deuses nem seres de Olimpos variados
nenhuma transcendência associada ao fenómeno
apenas o planeta rolando meio de esguelha e
poesia, essa, nem lampejo


o poema foi feito ali no FB sem mais intenções do que comemorar o evento
e no entanto parece que saiu coisa de jeito a avaliar pelos comentários e pelo post que a Betty Vidigal fez no mural dela e aqui deixo:
"Compartilho este poema da Maria de Fátima Santos pq é mto bom -- e um exemplo de poesia em versos livres.
Há tanto pseudo-poema circulando por aí, escrito por would be poets, q vale a pena dividir um legítimo....
Um poema tem de transmitir sensação de estranhamento.
Versos livres não são meros fragmentos de texto objetivo em prosa; são versos em si, cada um deles.
As palavras devem surpreender; devem soar de forma inesperada, e no entanto soar perfeitas ali onde estão. 
E se o pensamento em si for original, melhor ainda.
Neste poema, cada dupla de palavras é imprevisível. Não se trata de pensamentos sensatos expostos em pedacinhos, partidos em linhas (se fosse isso, não seria poesia, seria artigo).
Pegar um texto em prosa, com pensamentos edificantes e construtivos, escritos de forma poética, e dividir suas frases em muitas linhas não transforma esse texto em poema. Por mais bacanas q sejam os pensamentos! (é o q fazem com textos em prosa de vários escritores famosos q jamais publicaram versos. Pegam coisas da Clarice, dividem.... Crônicas de Caio F., idem. E tb crônicas do poeta Drummond, q se quisesse q aquilo fosse um poema teria escrito um poema, cáspita! não uma crônica para outros quebrarem em linhas.)
Escrever um conteúdo objetivo e sensato, com o qual todas as pessoas de bem concordam, já de cara dividido em diversas linhas não transforma as reflexões ou a opinião em poema. Escrever uma notícia em versos pode ter um resultado magnífico, mas se isso se limitar a contar o fato, sem firula, não é poema. Por mais comovente que seja o conteúdo.
Sinto dizer q poesia tem firula, sim, ou não existe.
Tanto poesia escrita como sentida. Sem firula não é, não há, não tem.
Até mesmo João Cabral, q se pretendia seco e frio, enchia seus versos de estranhamento em cada linha, em cada estrofe.
E sempre ritmadamente.
Faltou falar em ritmo. Sem ritmo, não é poesia. Necas de pitibiribas, lhufas de piripitombas.
A Fátima é portuguesa, por isso a grafia diferente da nossa, em algumas palavras."

1 comentário:

wind disse...

Gosto muito.
Beijos