Parem esse abrir as bocas
Deslassem de castelos as claras
Cubram de estrume os bolos
Desatem a corda do enforcado
Dancem sobre a nora
E oiçam cantar os alcatruzes
Ideiem a ração da besta
Cantem debruçados na ponte
Dia após dia, noite após noite
Esqueçam que já foram
Caminhem no lambril dos passeios
E durmam nos umbrais de montras
Batam nas portas das casas, arrombem
Gritem pelas ruas: odeio
Peçam esmola ou roubem
Que nada fique inteiro
Clamem muito alto: venham
Quando todos chegarem, vão embora
Partam da cidade, deixem a vossa rua
Sem despedidas e sem mágoas
Partam para muito longe
Fujam
Num mês que seja Maio, ou seja outro
Num qualquer mês, salvo se for Dezembro
Torçam a roupa suada de febres
Tremam de sesões e bebam muito
Sorvam os líquidos do corpo
Espermas, suores, lágrimas
Lambuzem-se, embebedem-se
Olhem o mundo no fundo das garrafas
E saciados, plenos, sozinhos
Enlouqueçam ou morram
6 comentários:
Se é o Mundo que está doente, mesmo em Dezembro, rendo-me já!
Vou beber o meu copo, sem pressa, e fazer o pino na borda da ponte...
68.
:)
eu já escolhi a loucura há muito tempo
;)
Onde foi buscar a força que conseguiu transmitir a este poema?
Senti-me com o coração amachucado e sofrido...
Forte esta poesia.
Não, não, não e não.
Recuso esta loucura contente.
Recuso este rio sem mar.
Este sofrer não é de gente,
Sofrer de gente é questionar.
Hélas!
Mito bem, 'miga!
Gostei, sem reservas.
Bjs
sabes... eu não tenho smileys para ti.
tenho assim: clap, clap, clap!
(ouviste?)
sou daltónico
e parvo
e pouco loquaz
(nos dias ímpares então é demais)
mas sinto sempre um tremer
- que não domino...!
quando sinto os pés mergulhados na areia quente.
tudo tão longe
e afinal aqui.
meu trôpego obrigado.
c
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